Processo: |
RLA-10/00758602 |
Unidade
Gestora: |
Secretaria de Estado da Saúde |
Responsáveis: |
Ana Maria Groff Jansen, Dalmo Claro de
Oliveira, Hospital Regional Hans Dieter Schmidt e Roberto Eduardo Hess de
Souza |
Interessado: |
Dalmo Claro de Oliveira |
Assunto:
|
Auditoria Operacional no Hospital
Regional Hans Dieter Schmidt HRHDS, de Joinville. |
Relatório
de Instrução: |
DAE - 7/2011 |
1. INTRODUÇÃO
Trata-se
de
Com
base no Plano de Ação do Controle Externo, a Programação de Fiscalização deste
Tribunal de Contas definiu como um dos Temas de Maior Relevância (TMR) a área
da saúde, para a sua fiscalização no ano de 2010.
Objetivando
a realização de uma auditoria operacional nessa área, realizou-se um estudo
preliminar sobre a saúde e os hospitais do Estado, que resultou na seleção do
Hospital Regional Hans Dieter Schmidt (HRHDS), localizado no Município de
Joinville, para ser a unidade fiscalizada.
Das
informações levantadas e das técnicas aplicadas, o planejamento da auditoria
apontou que os estudos deveriam estar relacionados a três temas: leitos,
exames e salas cirúrgicas, que resultaram em três questões de auditoria, com o
objetivo principal de verificar se o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt
utiliza plenamente sua capacidade instalada para internação e realização de
exames e cirurgias. Tudo com o intuito de identificar oportunidades de
melhorias dos serviços prestados pelo Hospital.
Este
relatório, após a presente introdução, apresenta no mesmo capítulo uma visão
geral do auditado; destacando aspectos gerais do Hospital Regional Hans Dieter
Schmidt (HRHDS), indicadores relativos a número de atendimentos, número de
leitos, a visão geral da auditoria, com destaque ao objetivo geral, as
questões da auditoria e a metodologia empregada.
No
capítulo 2 são apresentados os resultados da auditoria operacional, em que se
relatam as situações encontradas, suas evidências, suas causas, seus efeitos,
as determinações ou recomendações sugeridas e os benefícios esperados,
conforme definidos na matriz de achados. Apresentam-se, ainda, neste capítulo as
boas práticas verificadas neste Hospital e a análise dos comentários
oferecidos pelos gestores à versão preliminar da matriz de achados.
Por
fim, no Capítulo 3 está a conclusão, em que constam as sugestões de
determinações e recomendações ao gestor com vistas à melhoria de desempenho
dos serviços prestados pelo Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, a serem
submetidas ao Relator do processo.
1.1 VISÃO GERAL DO AUDITADO
A auditoria operacional objeto do
processo RLA 10/00758602 foi realizada no Hospital Regional Hans Dieter
Schmidt (HRHDS) por se tratar do maior hospital público estadual com
atendimento realizado exclusivamente via Sistema Único de Saúde (SUS),
localizado em Joinville, maior cidade de Santa Catarina.
Além dos pontos tomados como base
para escolha do hospital, também foi levado em consideração o fato de o HRHDS
ser referência nas áreas de neurocirurgia, gastroplastia, cirurgia labiopalatal,
urgência e emergência, cirurgia cardíaca e cardiologia intervencionista[1].
O HRHDS foi inaugurado em 15 de
março de 1984, com 22.400 metros quadrados de área construída. Para gerir o
hospital foi criada a Fundação Hospitalar de Joinville, porém, por problemas
financeiros, em 1989 a administração foi passada à Prefeitura, com a folha de
pagamento assumida pelo Governo Estadual. Em abril de 1999, o gerenciamento volta
a ser do Estado e atualmente, o HRHDS está administrativamente vinculado à
Secretaria de Estado da Saúde.
O HRHDS tem como missão
"prestar assistência à saúde da população através de ensino, tecnologia e
qualidade com equipes comprometidas e capacitadas" e como visão “ser um Hospital
de referência estadual em serviços de alta complexidade e especialidades,
ensino e pesquisa”. Tanto a missão
quanto a visão auxiliaram na
escolha desta auditoria, tendo a certeza de que este TCE/SC estará
contribuindo para o alcance e continuidade dos objetivos traçados pelo HRHDS.
O HRHDS possui uma estrutura
organizacional hierarquizada, própria de uma instituição de seu porte, o que
pode ser visualizado no organograma (Anexo A).
A área de atuação do HRHDS é bastante
diversificada, compreendendo especialidades cirúrgicas, clínicas e também
serviços de apoio, conforme demonstrado no Quadro 01.
Quadro 01: Especialidades
Médicas do Hospital
Regional Hans Dieter Schimidt
Especialidades
Cirúrgicas |
|
Cirurgia
Bariátrica |
Cirurgia
de Cabeça e Pescoço |
Cirurgia
Torácica |
Cirurgia
Plástica |
Cirurgia
Cardiovascular |
Urologia |
Cirurgia
Geral |
Proctologia |
Cirurgia
Buco Maxilo Facial |
Transplante
Renal |
Cirurgia
Pediátrica |
Cirurgia
de Vasectomia |
Cirurgia
Oftalmológica |
Cirurgia
Vascular |
Especialidades
Clínicas |
|
Urologia |
Cardiologia
Adulto e Infantil |
Gastroenterologia
Adulto |
Pneumologia
Adutlto e Infantil |
Gastroenterologia
Infantil |
Anestesiologia |
Buco
Maxilo Facial |
Psquiatria |
Especialidades
Clínicas |
|
Cirurgia
Ginecológica |
Infectologia |
Serviços
de Apoio |
|
Agência
Transfusional |
Laboratório
de Análises Clínicas |
Endoscopia |
Tomografia |
Farmácia |
Hemodinâmica |
Radiologia |
Hemodiálise |
Nutrição
e Dietética |
CME |
Serviço
Social |
Psicologia |
Eletrocardiograma/Teste
Ergométrico |
Terapia
Ocupacional |
Comissão
de Controle de Infecção Hospitalar |
Fisioterapia |
Fonte: http://www.saude.sc.gov.br/HRHDS/especialidades.html, acesso em 03/08/2010
Com base nos indicadores do HRHDS,
foram prestados 136.813 atendimentos à população em geral em 2007. Este número
passou para 127.110 em 2008 e 82.260 atendimentos em 2009, conforme exposto no
Gráfico 01:
Fonte: Indicadores Hospitalares do Hospital
Regional Hans Dieter
Schmidt dos anos de 2007, 2008 e 2009
Comparando os indicadores de 2007 a
2009, é possível constatar que houve um decréscimo no número total de
atendimentos do Hospital. Isto pode ser atribuído, em parte, à transferência
dos atendimentos infantis para outro hospital da região em dezembro de 2008.
Além disso, o Hospital implantou em junho de 2008 a ferramenta nacional de
humanização[2]
com classificação de risco (emergência porta fechada), em que os pacientes
passam primeiramente por uma triagem que vai definir a prioridade do
atendimento[3] e
inibir a procura da emergência por pacientes não graves. Por fim, nos estudos
foi detectado o aumento do tempo de internação, já que o hospital atende
muitos pacientes idosos e doentes crônicos, acarretando também no declínio do
número de atendimentos.
Com base nos indicadores do
Hospital, percebe-se que o número das consultas de pronto socorro, que
representavam a maior parte dos atendimentos em 2007 e 2008, caiu muito desde
a implantação do atendimento na emergência com classificação de risco. Esta
redução pode ser mais bem visualizada no Gráfico 02.
Fonte: Indicadores Hospitalares do HRHDS Schmidt
de 2007, 2008
e 2009 (*
Transferência atendimento inf.)
A diminuição no atendimento do
Pronto Socorro também impacta no número de internações gerais, que vem
reduzindo com o passar dos anos, como demonstra o Gráfico 03.
Fonte: Indicadores Hospitalares do Hospital
Regional Hans Dieter
Schmidt de 2007,
2008 e 2009
No Gráfico 04 foi feito um
desmembramento por especialidade do número de internações citado no Gráfico
anterior.
Fonte: Indicadores Hospitalares do Hospital Regional Hans Dieter
Schmidt de 2007,
2008 e 2009
Outro ponto relacionado ao declínio
no número de internações em 2008 e 2009 foi o fechamento da ala psiquiátrica
em maio de 2008 para reforma. Esta ala foi reaberta em abril de 2009, tendo
sido investidos R$ 985.926,84 pelo Governo do Estado, através das Secretarias
de Estado da Saúde e de Desenvolvimento Regional (SDR) 23, para a reforma e
adequação de 1.023 metros quadrados da referida ala[4].
Segundo os indicadores repassados
pelo HRHDS, sua capacidade de internação é de 260 leitos, número que diverge
do cadastrado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes) onde
constam 257 leitos, no entanto sua capacidade ativa, que representa os leitos
aptos à internação, vem caindo desde 2007. A diferença entre o número de
leitos ativos e sua capacidade real (número de leitos existentes) chegou a 22%
em 2009. No Gráfico 05 esta questão pode ser mais bem visualizada.
Gráfico 05: Capac. Real x Capac. Ativa x Taxa de
Ocupação
Fonte: Indicadores Hospitalares do Hospital
Regional Hans Dieter
Schmidt de 2007, 2008 e 2009
O motivo principal do decréscimo do
número de leitos ativos é a falta de pessoal, o que foi comprovado através dos
estudos feitos, que serão demonstrados adiante, neste mesmo relatório.
VISÃO GERAL DA AUDITORIA
Verificar se o Hospital Regional
Hans Dieter Schmidt utiliza plenamente sua capacidade instalada para
internação e realização de exames e cirurgias.
Para atingir o objetivo geral
desta auditoria operacional foram elaboradas três questões:
§ 1ª
– O HRHDS tem necessidade e capacidade
física e de pessoal para ativação das quatro salas cirúrgicas desativadas?
§ 2ª
- Em que medida a carência de pessoal
influencia na subutilização da capacidade real de leitos do HRHDS?
§ 3ª
- Os equipamentos para realização de
exames estão sendo utilizados em sua capacidade plena, de forma a
atender a demanda por esses serviços?
A metodologia utilizada para o
planejamento da auditoria operacional compreendeu o levantamento de dados e
informações por meio de pesquisa documental e internet e solicitação de
documentos à Secretaria de Estado da Saúde e Hospital Regional Hans Dieter Schmidt
(HRHDS).
A visita de estudo ao HRHDS foi
outra estratégia utilizada na elaboração do planejamento da auditoria, que
possibilitou conhecer a estrutura física e operacional do Hospital, e, ainda,
subsidiar a aplicação das técnicas SWOT[5] e
Diagrama de Verificação de Risco (DVR) para selecionar e definir os temas que
mereciam melhorias, explorados nesta auditoria.
Com as informações levantadas e
os temas definidos elaborou-se a matriz de planejamento (fls. 47 a 55) que
embasou a execução dos trabalhos.
Na execução da auditoria, foi
realizada inicialmente a apresentação da matriz de planejamento ao gestor do
Hospital e sua equipe através de slides.
A metodologia utilizada para a
coleta de dados na execução da auditoria compreendeu: solicitação de documentos,
verificação de documentos in loco,
aplicação de check-list, inspeção
física, observação direta, registro fotográfico, acompanhamento dos serviços
prestados no hospital, entrevistas com funcionários e população, que se
utiliza dos serviços do hospital. Como
procedimentos para análise dos dados coletados foram utilizados análises
documentais comparativas, qualitativas e quantitativas.
Ao
final dos trabalhos foi elaborada a matriz de achados, a qual foi
preliminarmente apresentada aos responsáveis
pela Secretaria de Estado da Saúde e HRHDS para suas manifestações.
2. ANÁLISE
O
resultado da auditoria operacional no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt
está baseado em evidências, destacadas na Matriz de Achados, que apresenta
situações, que merecem ações por parte da Secretaria de Estado da Saúde e da
Direção do HRHDS.
Os
achados evidenciaram a ociosidade das salas cirúrgicas, a falta de
profissionais de enfermagem nos setores de internação e de profissionais para a
realização de exames, como Ultrassom, Ecocardiograma com Doppler, Holter, Raio-X
Contrastado e Teste Ergométrico.
2.1. Achados
de Auditoria
2.1.1 Salas cirúrgicas fechadas
O centro cirúrgico do Hospital
Regional Hans Dieter Schmidt possui oito salas cirúrgicas. Dessas, apenas
quatro estavam ativas em novembro de 2010. A direção do hospital informou, em
entrevista realizada em 1º de setembro de 2010, que as salas estavam inativas
por falta de equipamentos, como carrinho de anestesia, mesa e foco cirúrgico,
bem como por falta de profissionais e de leitos cirúrgicos para internação dos
pacientes.
A manutenção de salas fechadas
acarreta na ociosidade de equipamentos, conforme constatado e relacionado na
execução in loco (Apêndice 01 – PT
02), e no mau aproveitamento do espaço físico, além do aumento no tempo de
espera pelos pacientes para a realização das cirurgias.
Figura 1: Equipamentos ociosos no centro
cirúrgico
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Fonte: TCE/SC
Segundo
normatização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, através da
Resolução RDC nº 50/2002, a unidade de saúde deve dispor para cada sala
cirúrgica de 15 leitos cirúrgicos para internação.
O
HRHDS possuía 67 leitos cirúrgicos em novembro de 2010, conforme contagem
realizada pela equipe de auditoria, sendo 17 para internação de pacientes que
passaram por cirurgia cardíaca, dois para cirurgia bariátrica e 38 para as
demais cirurgias. Com este número de leitos cirúrgicos o hospital pode operar
com 4,47 salas cirúrgicas. Sendo assim, conclui-se que naquele momento não era
possível a abertura de nenhuma das quatro salas desativadas.
Em
contrapartida, com a abertura da nova ala de infectologia que estava em
reforma, outros 24 leitos serão abertos, totalizando 91 leitos cirúrgicos, o
que permitirá o funcionamento de seis salas cirúrgicas.
Porém,
antes de concluir pela abertura de novas salas, buscou-se verificar o tempo de
ocupação das quatro salas ativas.
Para
isso, foram analisadas as relações das cirurgias realizadas no período de
janeiro a setembro de 2010, considerando-se apenas o tempo de uso para
cirurgias eletivas, que compreende o horário das 07:00 às 19:00 h dos dias
úteis.
Considerando
que o período teve 188 dias úteis, chega-se ao número de 9024 horas
disponíveis para cirurgias eletivas (188 dias úteis x 4 salas cirúrgicas x 12
horas/dia).
O
boletim das cirurgias realizadas nestes mesmos dias e horários revelou que o
tempo de uso das salas ativas, somou aproximadamente 6320 horas, já prevendo o
tempo de higienização das salas cirúrgicas, que foi informado pelo HRHDS, de
40 minutos. As cópias dos boletins das cirurgias analisados
estão arquivadas nas dependências do TCE-SC e assim ficarão pelo período de
cinco anos em razão da necessidade de se manter o sigilo das informações
contidas nos prontuários médicos.
Pela
diferença, constata-se que as salas ficaram ociosas por aproximadamente 2704
horas, o que corresponde a 30% do tempo total disponível do centro cirúrgico. Em
contrapartida, há pacientes aguardando por cirurgias, conforme especificado no
item 2.1.5.2 deste relatório.
Tomando-se como exemplo o tempo de ociosidade apenas da sala
8, destinada a cirurgias cardíacas, que somou 957 horas de janeiro a setembro
(aproximadamente 44% do tempo total da sala) de tempo ocioso e levando em
consideração que o tempo médio de cirurgia cardíaca é de quatro horas,
conforme informado no Ofício 200/2010 (fl. 150), deixou-se de realizar 239
cirurgias no período, o que possibilitaria atender a toda fila de espera deste
Hospital, que em novembro/2010 era de 84 pacientes e a espera era em média de
343 dias.
A realidade comprova, então, que em novembro/2010 não havia
necessidade de abertura de novas salas, em decorrência da falta de leitos
cirúrgicos e da ociosidade das salas em funcionamento. E ainda, com a
conclusão da reforma da infectologia e reabertura dos 24 leitos, será possível
a ativação de mais duas salas cirúrgicas.
Com
isso, duas salas cirúrgicas não poderão ser abertas e, portanto, esse espaço
físico poderia ser utilizado para outra finalidade. Da mesma forma, os
equipamentos ociosos lá encontrados podem não ter utilidade para o HRHDS,
permitindo sua realocação e utilização por outras unidades de saúde do Estado.
Diante
do exposto, recomenda-se à
Secretaria de Estado da Saúde:
·
Abrir duas salas cirúrgicas e readequar o
espaço físico ocioso do centro cirúrgico do Hospital Regional Hans Dieter
Schmidt.
·
Reavaliar a necessidade dos equipamentos
subutilizados, ou sem uso no centro cirúrgico do Hospital Regional Hans Dieter
Schmidt e realocar os equipamentos ociosos para outras unidades hospitalares
do Estado.
2.1.2 Salas cirúrgicas ativas com tempo
ocioso
Como já mencionado anteriormente
neste relatório, o HRHDS possui oito salas cirúrgicas, quatro ativas e quatro
inativas. Para obtenção deste achado, focou-se exclusivamente na utilização
das salas ativas, por ter ficado evidente, com a análise dos boletins de
cirurgias realizadas e observação direta e estudos a não utilização destas
salas na íntegra, mesmo com a existência de pacientes em fila de espera
aguardando a realização de cirurgias.
Detectou-se que não há o número
de profissionais suficiente para a utilização total das salas. Para chegar a
esta conclusão foi considerado o horário para realização de cirurgias eletivas
(07h00min às 19h00min de segunda a sexta) das quatro salas ativas, chegando-se
a 60 horas por sala/por semana; para as quatro salas são 240
horas semanais de centro cirúrgico.
Sabe-se ainda que a necessidade
de profissionais por sala cirúrgica varia de acordo com a especialidade da
cirurgia que será realizada e também da complexidade da mesma. Não se
encontrou na bibliografia específica indicação do número de profissionais
necessários na sala cirúrgica, por este motivo foi adotado como critério os
quantitativos passados pelo HRHDS no Ofício 200, de 18 de novembro de 2010
(fl.151):
·
Cirurgia Cardíaca e Bariátrica: dois médicos
cirurgiões, um anestesista e dois técnicos de enfermagem.
·
Cirurgia Geral e outras especialidades: um
médico cirurgião, um anestesista e dois técnicos de enfermagem.
Tendo o horário de funcionamento
do centro cirúrgico e o número de profissionais necessários para a realização
das cirurgias, foi calculada a necessidade de pessoal para atender todas as
salas, conforme agenda deste setor encaminhada pelo HRHDS por meio do Ofício
200/2010 (fl.153).
Para o cálculo dos médicos inicialmente verificou-se as horas da agenda
por especialidade e a necessidade de médicos por tipo de cirurgias,
chegando-se assim às horas totais por especialidade no centro cirúrgico,
conforme especificado no Quadro 02:
Quadro 02: horas totais para
realização de cirurgias no Centro Cirúrgico do HRHDS
Especialidade Cirúrgica |
Horas Totais conforme agenda do
Centro Cirúrgico (ao mês) |
Geral |
192 |
Cardíaca |
192 |
Bariátrica |
48 |
Lábio-palatal |
120 |
Plástica |
48 |
Urológica |
96 |
Ginecológica |
144 |
Vascular |
48 |
Proctológica |
24 |
Cabeça
e pescoço |
24 |
Total |
936 |
Fonte: TCE/SC
Atualmente no centro cirúrgico do
HRHDS há médicos prestando 548 horas/mês de serviços, distribuídas por
especialidades, disposto no Quadro 03, conforme informação constante no
Cadastro Nacional de Estabelecimentos da Saúde (Cnes).
Quadro 03: Horas médicas prestadas no Centro Cirúrgico do
HRHDS
Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) /
Ministério da Saúde (MS),
dezembro de 2010.
Com base nos Quadros 02 e 03,
conclui-se que há falta de médicos cirurgiões no HRHDS, tendo como base os
horários dispostos na agenda do Centro Cirúrgico, conforme Quadro 04 e Gráfico
06:
Quadro 04: Carência de
horas-médicas no centro cirúrgico do HRHDS
Fonte: TCE/SC
Gráfico 06: Demonstrativo de
horas médicas disponíveis x horas médicas trabalhadas no Centro Cirúrgico do
HRHDS
Fonte: TCE/SC
Analisando o Gráfico 06
fica evidente a falta de profissionais médicos por especialidade, para o
funcionamento do centro cirúrgico em sua totalidade. É importante salientar,
que não é possível dimensionar as horas trabalhadas dos médicos, que realizam
cirurgias labiopalatal e ginecológica, visto que estes são profissionais de
outros hospitais públicos da região e realizam apenas cirurgias no Hospital
Regional Hans Dieter Schmidt.
Para mensurar a
necessidade de profissionais de
enfermagem foi levado em consideração o horário de funcionamento das
quatro salas cirúrgicas (das 07h00min às 19h00min de segunda a sexta), levando
em consideração que estes profissionais trabalham em regime de escala (12
horas trabalhadas x 60 horas de repouso) que, conforme informado no Ofício
200/2010 (fl. 150) são necessários dois técnicos de enfermagem, para
acompanhar as cirurgias, prevendo também o Índice de Segurança Técnica (IST)
de 15% recomendado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), por meio de
sua Resolução Cofen Nº 293/2004, chegando então ao número de 27 profissionais,
conforme distribuição feita no Quadro 05.
Atualmente há 24 técnicos
de enfermagem lotados no centro cirúrgico trabalhando das 07h00min às 19h00min,
portanto há necessidade de mais três técnicos de enfermagem para suprir a
carga horária das quatro salas cirúrgicas.
Os técnicos de enfermagem
do centro cirúrgico não estão realizando o regime de escala (12 horas
trabalhadas x 60 horas de repouso). O horário de trabalho é de 30 horas
semanais, sendo seis horas por dia (de segunda a sexta). No entanto com este
regime de horário de trabalho, faz-se necessária a utilização de hora-plantão
para completar a escala de fim de semana. Percebe-se que nesse caso, a
hora-plantão é utilizada para suprir a falta de pessoal, o que representa para
o Estado um custo adicional de 50%, quando tomada como base a hora de trabalho
normal, conforme demonstrado a seguir:
Hora de trabalho = (salário base/ Nº horas contratadas ao mês)
Hora-plantão = hora de trabalho + (hora de trabalho x 50%)
É importante salientar que
21% das horas trabalhadas ao mês dos profissionais de enfermagem no centro
cirúrgico são por meio de hora-plantão (Apêndice 02 – PT 15), o que comprova a
necessidade de pessoal. Este excesso de trabalho pode acarretar diminuição na
qualidade do serviço prestado, e ainda o afastamento dos colaboradores por
motivos de saúde, fato este que foi demonstrado nas entrevistas como grande
preocupação por parte dos gestores.
Quadro
05: Necessidade
de técnicos de enfermagem para o centro cirúrgico
Fonte: TCE/SC
Legenda Quadro 05:
T1 – Técnico 01 |
T6 - Técnico 06 |
T11 – Técnico 11 |
T16 – Técnico 16 |
T21 – Técnico 21 |
T26 – Técnico 26 |
T2 – Técnico 02 |
T7 – Técnico 07 |
T12 – Técnico 12 |
T17 – Técnico 17 |
T22 – Técnico 22 |
T27 – Técnico 27 |
T3 – Técnico 03 |
T8 – Técnico 08 |
T13 – Técnico 13 |
T18 – Técnico 18 |
T23 – Técnico 23 |
|
T4 – Técnico 04 |
T9 – Técnico 09 |
T14 – Técnico 14 |
T19 – Técnico 19 |
T24 – Técnico 24 |
|
T5 – Técnico 05 |
T10 – Técnico 10 |
T15 – Técnico 15 |
T20 – Técnico 20 |
T25 – Técnico 25 |
|
Isto posto, recomenda-se à Secretaria de Estado da Saúde que providencie a
contratação de profissionais médicos para cumprir a agenda do centro cirúrgico
e realoque técnicos de enfermagem excedentes nos setores (após contratação de
enfermeiros) para atuar no centro cirúrgico do HRHDS, a fim de atender a
demanda reprimida das salas cirúrgicas no horário de realização das cirurgias
eletivas.
Com isso, será possível reduzir o
tempo ocioso das quatro salas cirúrgicas ativas, o tempo de espera para as
cirurgias, bem como otimizar o aproveitamento das salas cirúrgicas em
funcionamento, reduzir a ociosidade dos leitos cirúrgicos e reduzir os custos
adicionais de 50% da hora-plantão.
2.1.3 Quantidade insuficiente de
profissionais de enfermagem para atendimento dos pacientes internados
Os
parâmetros para o dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem,
nas unidades de saúde são estabelecidos através da Resolução Cofen Nº
293/2004. Esta padronização baseia-se no nível de cuidado que necessita cada
paciente e podem sofrer adequações regionais e/ou locais de acordo com a
realidade epidemiológica e financeira. Os pacientes internados podem ser
classificados da seguinte forma:
·
Pacientes que necessitam de assistência
mínima;
·
Pacientes que necessitam de assistência
intermediária;
·
Pacientes que necessitam de assistência
semi-intensiva;
·
Pacientes que necessitam de assistência
intensiva.
Para
cada nível de cuidado há um cálculo específico que norteará, com base no
número de leitos existentes, a determinação da necessidade de profissionais de
enfermagem, que deverão prestar serviço na unidade de saúde. Tais cálculos
foram aplicados no HRHDS, a fim de detectar se a quantidade de profissionais
de enfermagem nos setores de internação, informadas em novembro de 2010, pelo
hospital atendem à normatização do Cofen.
O
Hospital Regional Hans Dieter Schmidt possui 260 leitos de internação, sendo
que desses, em novembro, 59 estavam inativos, 27% deles por falta de pessoal,
conforme informação do Hospital e cálculos realizados, especificado no Quadro
06:
Quadro 06: Demonstrativo dos leitos existentes x leitos inativos
Fonte: TCE/SC
Os
leitos inativos, descritos no Quadro 06, por outros motivos, diferentes de
falta de pessoal, não foram abordados neste Relatório, visto que as medidas
para reativá-los já estavam sendo adotadas em novembro de 2010.
Em
posse das informações citadas neste item e considerando que os profissionais
de enfermagem trabalham em regime de 12 horas trabalhadas por 60 horas de
descanso, é possível mensurar a necessidade de pessoal de enfermagem. Para
efeito de cálculo, conforme previsto na Resolução Cofen Nº 293/2004, devem ser
consideradas como horas de Enfermagem, por leito, nas 24 horas:
·
3,8 horas de Enfermagem, por paciente na
assistência mínima, sendo entre 33% e 37% enfermeiros e os demais auxiliares
e/ou técnicos de enfermagem;
·
5,6 horas de Enfermagem, por paciente, na
assistência intermediária, sendo entre 33% e 37% enfermeiros e os demais
auxiliares e/ou técnicos de enfermagem;
·
9,4 horas de Enfermagem, por paciente, na
assistência semi-intensiva, sendo 42% a 46% enfermeiros e os demais auxiliares
e/ou técnicos de enfermagem;
·
17,9 horas de Enfermagem, por paciente, na
assistência intensiva, sendo 52% a 56% enfermeiros e os demais auxiliares e/ou
técnicos de enfermagem.
Ao
número de profissionais deverá ser acrescido um Índice de Segurança Técnica - IST
não inferior a 15% do total de profissionais, necessários para atendimento nos
setores em períodos contingenciais como nos afastamentos temporários (férias,
atestados médicos, licenças, etc).
Desta
forma, aplica-se primeiramente a fórmula para cálculo da “Constante de Marinho
(KM)”, que prevê os dias da semana divididos pela jornada semanal
de trabalho, resultado que se multiplica ao IST:
KM
= DS x IST JST
KM
= Constante de Marinho
JST
= Jornada semanal de trabalho
DS
= Dia da semana
IST
= Índice de segurança técnica
Depois
de calculada a Constante de Marinho, pode-se dimensionar a quantidade de
profissionais necessários, multiplicando-se a Constante de Marinho ao total de
horas de enfermagem necessárias, para atender aos pacientes de acordo com o
nível de cuidado que necessitam, conforme fórmula a seguir:
QP =
KM x THE
QP
= Quantidade de profissionais necessários
KM
= Constante de Marinho
THE
= Total de horas de enfermagem por nível de cuidado.
A
resolução Cofen, base para os cálculos de quantidade de profissionais, diz
ainda que o número de leitos por tipo de cuidado é obtido pela média
aritmética de uma série histórica de ocupação dos leitos, colhida diariamente,
num período entre quatro e seis meses. Para esta auditoria considerou-se a
estimativa repassada em entrevista pela responsável pelo setor de internações,
conforme Quadro 07.
Quadro 07: Demonstrativo
de leitos por tipo de cuidado
Fonte: TCE/SC
Colocando
em prática todo o cálculo exposto anteriormente e tomando como base os
percentuais citados no quadro acima, chegamos ao resultado demonstrado no
Quadro 08.
Quadro 08: Demonstrativo
da necessidade de pessoal de enfermagem nos setores de internação do Hospital Regional Hans Dieter
Schmidt
Fonte: TCE/SC
Percebe-se que no Quadro 08, há
mais técnicos de enfermagem do que o número necessário, e uma defasagem grande
no número de enfermeiros, chegando a 167, com base nos números de
novembro/2010, passados pelo HRHDS. Este fato sugere a utilização de técnicos
de enfermagem para suprir a necessidade dos enfermeiros, absorvendo
atribuições específicas destes profissionais, trazendo riscos para os
pacientes e acúmulo de funções para os técnicos.
É importante deixar claro que há
no HRHDS 11 enfermeiros que trabalham em regime de plantão nos períodos
vespertino e noturno, não previstos no quadro supracitado, visto que estes
profissionais não estão lotados em nenhum dos setores. Estes enfermeiros
exercem serviço apenas de supervisão, responsabilizando-se por mais de um
setor. A situação é ainda mais grave no período noturno, quando ficam apenas
dois enfermeiros para cuidar dos sete setores de internação.
Isto posto, determina-se à Secretaria de Estado da Saúde que providencie a
contratação de enfermeiros e realoque os técnicos de enfermagem excedentes
apontados no Quadro 08, para atuar nos setores de internação do HRHDS,
atendendo aos arts. 4º, 5º e Anexo II da Resolução Cofen Nº 293/2004 do
Conselho Federal de Enfermagem, a fim de suprir a falta de pessoal. Com a
adoção desta medida, o quadro de pessoal de enfermagem ficará completo, o que possibilitará
a ativação de leitos hoje interditados por falta de profissionais, a redução
de horas-plantão e dos afastamentos de servidores por motivo de saúde e a
melhoria na qualidade do serviço prestado.
2.1.4
Equipamentos
para exames de ultrassom, ecocardiograma com doppler, holter, raio X
contrastado e teste ergométrico subutilizados
A
quantidade dos exames de ultrassom, ecocardiograma com doppler, holter e teste
ergométrico esteve reduzida em alguns meses de 2009. Quanto ao exame de
radiologia, verificou-se que, apesar de ser realizado todos os meses, o número
vem se reduzindo gradativamente desde 2008. Em decorrência disso, foi
verificado o tempo de utilização destes equipamentos e comparado com a fila de
espera, para a realização desses exames.
Primeiramente,
foi verificada a capacidade mensal de realização de exames, levando-se em
consideração a quantidade de equipamentos disponível e o tempo médio para
realização de cada exame, no horário das 07h00min às 19h00min, de segunda a
sexta-feira.
Foram
realizados dois cálculos: em um deles foi considerado o tempo para realização
dos exames, informado pela direção do HRHDS, através do Ofício nº 192/2010
(fl. 64), e no outro o tempo informado pelos profissionais que atuam nos
setores de exames (Apêndice 03 – PT nº 10). O resultado deste levantamento
está demonstrado no Gráfico 07.
Gráfico 07: Capacidade de
realização de exames x exames realizados
Fonte: TCE/SC
A
capacidade de realização de exames, informada pelos profissionais, é superior
à quantidade de exames realizados, independente do tempo de realização
considerado. Isso ocorre, porque os exames não são realizados durante todo o
período considerado disponível - segunda a sexta, das 07h00min às 19h00min,
conforme demonstrado no Gráfico 07.
Em
virtude disso, foi realizada a comparação entre a capacidade de realização de
exames da agenda adotada pelo hospital e a quantidade de exames efetivamente
realizados, com base nos tempos para realização informados pela direção do
hospital e pelos servidores.
Gráfico 08: Capacidade realização exames da
agenda X exames
realizados
Fonte: TCE/SC
A
comparação da quantidade de exames realizados, com a capacidade de realização
da agenda, revelou que ainda há ociosidade na utilização dos equipamentos, em
todos os exames, se consideramos o tempo de realização informado pelos
profissionais. Já com relação ao tempo de realização informado pela direção, a
quantidade de exames realizados de ultrassom e ecocardiograma com Doppler
superou a capacidade.
Diante
da ociosidade dos equipamentos, foi solicitada ao hospital a quantidade de
pacientes que estão em fila de espera para a realização de exames de
ultrassom, ecocardiograma com doppler, holter, raio X com contraste e teste
ergométrico (fl.66) e comparada com a capacidade total de realização de exames
no tempo ocioso dos equipamentos.
Quadro 09: Exames
que poderiam estar sendo realizados no tempo ocioso dos equipamentos
Tipo exame |
Qtd. pacientes fila
espera (11/2010) |
Qtd. média exames
realizados |
Capacidade exames
ofício |
Capacidade exames
profis. |
Ociosidade tempo
ofício |
Ociosidade tempo
profis. |
Ultrassom |
1140 |
236 |
792 |
1188 |
556 |
952 |
Ecocardiograma com doppler |
x |
172 |
264 |
396 |
92 |
224 |
Holter |
218 |
0 |
18 |
18 |
18 |
18 |
RX c/ contraste |
87 |
24 |
220 |
440 |
196 |
416 |
Teste ergométrico |
796 |
72 |
770 |
1056 |
698 |
984 |
Fonte: TCE/SC
Com
a estimativa acima demonstrada, a fila de espera em pouco tempo deixaria de
existir se os equipamentos fossem plenamente utilizados, conforme demonstrado
no Quadro
. Questionados sobre o motivo da pouca
utilização dos equipamentos, em especial o do holter, que não vem sendo
utilizado desde junho de 2009, foi informado que há falta de profissionais
para a realização destes exames.
Desta
forma, calculou-se a necessidade de profissionais para operar integralmente os
equipamentos, ou seja, de segunda a sexta-feira das 07h00min às 19h00min.
Quadro 10: Defasagem de profissionais para
realização de exames
Tipo exame |
Ociosidade em horas dos
equipamentos por mês |
Profissional que realiza os exames |
Carga horária mensal profissional |
Defasagem de profissional |
Ultrassom |
283,5 |
Radiologista |
80 |
3,54 |
Ecocardiograma com doppler |
69 |
Cardiologista |
80 |
0,86 |
Holter (leitura CD) |
- |
Cardiologista |
80 |
- |
RX c/ contraste |
65 |
Radiologista |
80 |
0,81 |
Teste ergométrico |
485,25 |
Cardiologista |
80 |
6,07 |
Fonte: TCE/SC
Em
resumo, o HRHDS necessita de mais cinco radiologistas e sete cardiologistas,
todos com carga horária integral de 80 horas mensais na realização de exames,
para a utilização plena dos equipamentos de ultrassom, ecocardiograma com
doppler, raio X com contraste e teste ergométrico. Ressalta-se que não foi
considerado no cálculo o cardiologista para a leitura do holter.
Ainda
com relação ao holter e teste ergométrico, o HRHDS tem um número mínimo de
exames a realizar mensalmente por ser referência em cirurgia cardiovascular,
conforme determina a Portaria SAS/MS nº 123 do Ministério da Saúde.
Para
ser referência o hospital deve realizar no mínimo 80 testes ergométricos e 30
exames de holter por mês. A direção do hospital informou que o médico
cardiologista que realizava a leitura do holter pediu demissão e desde então o
hospital não conseguiu substituí-lo (fl. 66).
Diante
do exposto, recomenda-se à
Secretaria de Estado da Saúde que providencie a contratação de profissionais para realizar os exames de
ultrassom, ecocardiograma com doppler, holter, raio x contrastado e
teste ergométrico, para atender a necessidade do HRHDS.
Com
esta medida, será possível reduzir o tempo para diagnóstico das doenças e
ampliar as oportunidades de tratamento, bem como diminuir o tempo de espera
para cirurgias.
2.1.5
Equipamentos
sem número de patrimônio
Em verificação in
loco foi constatada a existência de equipamentos ociosos nas salas
cirúrgicas fechadas, conforme demonstrado no apêndice 01 (PT 02) deste
Relatório. Destes equipamentos, alguns não possuíam número de patrimônio.
Conforme preceitua o art. 94 da Lei Federal n°
4.320/64, os equipamentos devem ser registrados e cadastrados com número de
patrimônio e procedência.
Isto posto, determina-se que se identifique com
número de patrimônio os equipamentos ociosos no centro cirúrgico.
2.1.6 Fila de espera x tempo de espera para
realização da cirurgia
A fila de espera em novembro de
2010, informada pelo HRHDS por meio do Ofício 198/2010 (fl. 147), era de 84
pacientes aguardando cirurgia cardiológica, 10 pacientes aguardando cirurgia
bariátrica (havia 780 pacientes em acompanhamento, mas não aptos para passar
pela cirurgia), 199 pacientes aguardando cirurgia geral e 121 pacientes aguardando
cirurgia plástica reparadora. O HRHDS não se manifestou quanto às filas das
outras especialidades.
No ofício supracitado (fl. 147)
foi informado também o tempo médio de permanência dos pacientes em fila de
espera por especialidade, especificado no Quadro 11.
Confrontando a fila de espera das
especialidades informadas pelo HRHDS com o tempo de espera destes pacientes
para realização da cirurgia, chega-se às informações contidas no Quadro 11:
Quadro 11: Quantidade de pacientes em fila
de espera x tempo de espera
Especialidade Cirúrgica |
Fila de Espera |
|
Quantidade |
Tempo de Espera (dias) |
|
Cirurgia cardiológica |
84 |
343 |
Cirurgia bariátrica |
10 |
17 |
Cirurgia gástrica |
- |
502 |
Cirurgia vascular |
- |
147 |
Cirurgia geral |
199 |
290 |
Cirurgia ginecológica |
- |
77 |
Cirurgia urológica |
- |
207 |
Cirurgia plástica reparadora |
121 |
394 |
Cirurgia plástica pós-bariátrica |
- |
87 |
Fonte: TCE/SC
Percebe-se que a fila da cirurgia
cardiológica, especialidade na qual o HRHDS é referência, é de 84 pacientes.
No entanto estes aguardam, em média, 343 dias para realização da cirurgia, um
dos maiores tempos de espera informados.
Esta situação decorre do fato de
o HRHDS realizar em média 15 cirurgias cardíacas eletivas ao mês, número
informado pela diretora do Hospital por meio de email datado de março/2011
(fl. 247) e confirmado através do número de cirurgias realizadas de janeiro a
setembro, conforme Quadro 12.
Quadro 12: Número de cirurgias realizadas
por especialidade de
janeiro a setembro de 2010
Cirurgias realizadas de janeiro a
setembro/2010 |
||
Especialidade |
Qtd.* |
Média/mês* |
Cardíaca |
155 |
17,22 |
Geral |
832 |
92,44 |
Ginecológica |
315 |
35,00 |
Lábio-palatal |
232 |
25,78 |
Otorrinolaringológica |
45 |
5,00 |
Plástica |
221 |
24,56 |
Proctológica |
44 |
4,89 |
Torácica |
28 |
3,11 |
Urológica |
240 |
26,67 |
Vascular |
211 |
23,44 |
Bariátrica |
40 |
4,44 |
Cir.de pescoço |
8 |
0,89 |
Ortopédica |
18 |
2,00 |
Odontológica |
14 |
1,56 |
Transplante |
3 |
0,33 |
*Incluídas cirurgias de emergência realizadas de segunda
a sexta das
07h00min
às 19h00min.
Fonte: TCE/SC
O número de cirurgias
cardiológicas eletivas realizadas ao mês é o mínimo previsto no Anexo I da
Portaria SAS/MS nº 123/2005 de 28/02/2005, onde estão descritos os
quantitativos para tornar-se e permanecer como referência em alta complexidade
cardiovascular.
Conforme descrito no item 2.1.1
deste relatório, a ociosidade da sala destinada a cirurgias cardiológicas de
janeiro a setembro de 2010 era de aproximadamente 40% do tempo total, o que
representa aproximadamente 96 horas de ociosidade ao mês do total de 240 horas
ao mês.
Se considerarmos o tempo médio
para realização de cirurgias cardiológicas informados pelo HRHDS de quatro
horas e arredondarmos o tempo de higienização da sala para uma hora (tempo
informado pelo Hospital é de 40 minutos), temos que a fila de 84 pacientes
informada em novembro/2010 seria atendida em menos de cinco meses, conforme
demonstrado a seguir:
Capacidade
de atendimento ao mês da sala cirúrgica 8:
12
horas por dia x 20 dias = 240 horas/mês
Ociosidade
ao mês da sala cirúrgica 8:
240
horas/mês x 40% = 96 horas/mês
Cirurgias
que poderiam ser realizadas com base na ociosidade média da sala 8 de janeiro
a setembro de 2010:
96
horas/mês / 5 horas = 19,2 cirurgias cardiológicas/mês
84 pacientes em fila de espera / 19,2
cirurgias ao mês = 4,37 meses para atendimento da fila informada em
novembro/2010 com base na ociosidade média de janeiro a setembro de 2010.
Assim sendo, recomenda-se
que haja aumento do número de cirúrgicas cardiológicas ao mês a fim de
diminuir a fila e o tempo de espera existente.
2.2 Boas Práticas
No decorrer desta auditoria foram
detectados fatos que comprovam a adoção de boas práticas pelo Hospital
Regional Hans Dieter Schmidt que, no entendimento da equipe de auditoria,
deveria ser disseminado entre os diversos estabelecimentos de saúde do Estado.
A seguir alguns exemplos de boas
práticas adotadas pelo HRHDS:
·
Direção do Hospital com capacidade técnica e
formação na área de gestão.
·
Existência de planejamento estratégico e
efetividade na sua implementação. Atualmente
o Hospital possui cronograma em andamento de reformas de todas as alas as
quais ocorrerão continuamente até 2014, em consonância ao planejamento estratégico.
·
Implantação de setor de Ouvidoria, onde são
atendidos clientes internos (funcionários) e externos (pacientes e
acompanhantes). Este setor adota medidas simples, mas que trazem retorno para
o Hospital. Como exemplo pode ser citado o contato que o hospital faz com o
paciente no 10º dia após a sua alta hospitalar com o intuito de verificar a
ocorrência de infecção hospitalar e como está sua recuperação. Diariamente são
efetuadas entrevistas com 10% dos pacientes atendidos para avaliação da
prestação do serviço.
·
Criação de unidades de negócios nos diversos
setores do hospital, determinando metas para cada uma das unidades de negócio
com missões específicas. Há uma comissão que controla periodicamente os
resultados de cada um dos setores.
·
Implantação da gestão de custos, em que se
estimam os custos por setor e por atividade.
·
Implantação do “Protocolo de Manchester”
para o atendimento do setor de Emergência com a classificação de risco, com
graduações representadas por cores, conforme foto abaixo.
Figura 02: Prioridade no atendimento
Fonte: TCE/SC
·
Implantação do prontuário eletrônico.
·
Sistema Gerencial informatizado e utilizado
por todos os setores.
·
Controle total do estoque e dispensação de medicamentos
via sistema informatizado.
Por todo o exposto, esta
Diretoria entende que a Secretaria de Estado da Saúde, além de providenciar as
medidas corretivas e ações de melhoramento na Unidade auditada, deva utilizar
o modelo de gestão adotado no HRHDS como parâmetro para as demais unidades
hospitalares do Estado, seja por administração própria ou terceirizada.
2.3 COMENTÁRIOS DO GESTOR
Foi remetida a Matriz de Achados
Preliminar com os resultados da auditoria à Secretaria de Estado da Saúde, com
cópia para o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, por meio dos Ofícios DAE
nº 18.642, de 22 de dezembro de 2010, para suas manifestações.
2.3.1
Comentários
da Secretaria de Estado da Saúde
A
Secretaria do Estado da Saúde, por meio do Ofício nº 049/2011, protocolado
neste Tribunal sob o nº 001965/2011, de 03 de fevereiro de 2011, solicitou
prorrogação de prazo para atendimento da diligência, constante do Ofício DAE
nº 18.642/2010. Os comentários foram protocolados nesta corte no dia 04 de
março de 2011, por meio do Ofício SES nº 00116/2011 com número de protocolo
005549/2011. O conteúdo da manifestação contida no Ofício anteriormente citado
está transcrito a seguir:
Em atendimento ao ofício
DAE n° 18.642/2010, encaminhamos a comunicação interna n° 0430/2011 da
Superintendência dos Hospitais Públicos Estaduais, contendo documentos e
informações pertinentes.
As
situações encontradas são transitórias e estão sendo tratadas com a prioridade
que assunto requer. Vale destacar que nos últimos anos sistematicamente a
Secretaria de Estado da Saúde vem realizando ações visando à otimização da
capacidade instalada das unidades hospitalares próprias, quer seja na
ampliação e modernização de serviços, abertura de leitos ou incremento no
número de profissionais. Podemos citar como exemplo próprio Hospital Regional
Hans Dieter Schmidt que teve nos últimos anos um incremento de 30% em seu
número de leitos e profissionais.
Em
relação especificamente ao apontamento da matriz de achados no item
“quantidade insuficiente de profissionais de enfermagem para atendimentos dos
pacientes internados”, ressaltamos nossa preocupação com os critérios adotados
como parâmetro na matriz, pois estão muito além da realidade do Setor Saúde
Brasileiro.
Entendemos que a realização
do dimensionamento do pessoal de enfermagem deve ter como base a jornada de
trabalho dos servidores, a estrutura física da unidade, a capacidade instalada
e as habilitações no cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Além disso, utilizamos
também como parâmetros os critérios preconizados pelo Ministério da Saúde, em
portarias específicas para habilitação de serviços ou RDC (Resoluções da
Diretoria Colegiada da ANVISA). Para as especialidades que não estão
contempladas em portarias, buscamos a consolidação de parâmetros próprios com
base em critérios adotados em instituições de saúde da iniciativa privada e
estudos específicos.
Dentre as portarias que
encaminhamos em anexo, destacamos:
• Portaria
n° 123/2005 - a assistência cardiovascular em alta complexidade;
• RDC
n° 7/2010 - unidades de terapia intensiva;
• Portaria
224/92 – clinica psiquiátrica em hospital geral;
• Portaria
2616/98 – serviço de controle hospitalar;
• Dimensionamento
SOBEC/2009 – centro cirúrgico;
• Parâmetros
Estabelecidos pelas Gerências de Enfermagem SES/2008 – Postos de Trabalho
em Clínica Médica, Cirúrgica e
Pediátrica;
Ressaltamos ainda que a
própria Resolução do COFEN (293/2004), utilizada com referência na matriz, em
seu Art. 1, §2 afirma que o os “parâmetros podem sofrer adequações regionais
de acordo com a realidade epidemiológica e financeiras”.
Acreditamos ser de grande
valia, para que sua equipe conclua o trabalho, um estudo sobre a real
utilização desses parâmetros em hospitais filantrópicos e privados, com
características semelhantes às do HRHDS, analisando a aplicabilidade ou não.
Exemplificando, citamos o
dimensionamento da equipe de enfermeiros para UTI do hospital. Seguindo os
quantitativos apontados na matriz de achados, com base nos parâmetros do
COFEN, chega-se a necessidade de 52 enfermeiros. Ao aplicarmos o preconizado
pelo Ministério da Saúde (RDC) chegamos à necessidade de 19 enfermeiros, sendo
que a diferença de 33 enfermeiros possibilitaria a manutenção de um serviço de
emergência, incluindo a classificação de risco, centro cirúrgico e sala de
recuperação pós-anestésica com serviço de enfermagem em 24 horas.
Colocamo-nos ao inteiro
dispor para quaisquer informações complementares que se fizerem necessárias.
2.3.2
Comentários
do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt
Num
segundo momento, a Direção do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, por meio
do Ofício nº 027/2011, protocolado neste Tribunal sob o nº 002478/2011, de 08
de fevereiro de 2011, complementarmente aos comentários da Secretaria de
Estado, teceu os seguintes comentários sobre as constatações da auditória,
conforme segue:
1.
Quatro
salas cirúrgicas fechadas – concordamos com as determinações e
recomendações, sendo que incluímos no planejamento da SUH – Superintendência
dos Hospitais Públicos Estaduais a contratação de projeto para readequação e
modernização das salas cirúrgicas e CME para o ano de 2011, assim como a
execução do projeto. Relacionamos a necessidade de equipamentos para
operacionalização das oito salas e do CCA - Centro Cirúrgico Ambulatorial
visando otimizar o uso das salas. E estamos realocando os equipamentos
ociosos. Fizemos levantamento da necessidade de recursos humanos para plena
operacionalização.
2.
Salas
cirúrgicas ativas com tempo ocioso – estamos monitorando
mensalmente a taxa de ocupação das quatro salas, visando atingir seu pleno
uso, analisando o tempo utilizado
por cada profissional e o tempo disponível, fazendo um Gráfico de Pareto para atuarmos sobre os principais, enviando carta individual para
propiciar um plano de ação com cada
um. Em anexo os resultados alcançados nos últimos meses. Esta ação será
continua, pois é um indicador da Unidade de Negocio Centro Cirúrgico. Foram
chamados pelo concurso 001/2010 quatro cirurgiões cardiovasculares, um
cirurgião torácico e dois neurocirurgiões, além de outras especialidades
clinicas de apoio, que encontram-se em fase final de contratação.
3.
Quantidade
insuficiente de profissionais de enfermagem para atendimento dos pacientes
internados – foram chamados do concurso 018/2006
no DOE 18984 de 06/12/2010, Ato nº 2323 trinta e dois técnicos de enfermagem
novos e pelo mesmo Ato foram convocados dez enfermeiros, sendo cinco
especialistas em cardiovascular e cinco em emergência do concurso 01/2010. Os
profissionais estão em fase de ingresso. Além destes, no decorrer de 2010
foram feitas as substituições de profissionais exonerados e/ou aposentados /
falecidos no período, conforme atos em anexo.
4.
Equipamentos
para exames de ultrassom, ecocardiograma com doppler, holter, raios-X
contrastado e teste ergométrico subutilizados
- foi realizado processo seletivo
simplificado 040/2010 em novembro, com dez vagas para cardiologista para
atuarem no Pronto Socorro e realizarem exames. Quatro foram aprovados, sendo
que realizarão 60 horas de plantão na emergência e 20 horas de exames, sendo
que Dr. Ricardo realizará exames de ecocardiograma com Doppler, Dr. Clizenaldo
realizará exames de Holter, Dr. Mauricio eletrocardiograma e Dra. Silvana
realizará Teste Ergométrico. Está sendo relançado o processo seletivo para
complementar os outros seis profissionais. Foram convocados pelo mesmo Ato da
equipe de enfermagem quatro médicos com especialidade em Radiologia e
Diagnostico por Imagem, que estão em fase de contratação.
2.3.3
Análise
dos comentários da Secretaria de Estado da Saúde
Em razão da manifestação da
Secretaria do Estado da Saúde quanto ao critério para dimensionamento de
pessoal nos setores do hospital, concordou-se com a utilização das portarias e
resoluções específicas citadas. No entanto, haverá impacto apenas no
dimensionamento de pessoal (enfermeiros e técnicos de enfermagem) da UTI e no
dimensionamento de enfermeiros do setor de psiquiatria.
Para as adequações no
dimensionamento feito anteriormente utilizou-se a Portaria nº 13/2005 (UTI
Cardiovascular), RDC nº 7/2010 (UTI Geral) e Portaria 224/92 (Psiquiatria).
Considerando-se os novos
cálculos, chegou-se ao resultado demonstrado nas duas últimas colunas do
Quadro 13, onde fica claro que se baseando apenas na Resolução Cofen 293/2004
há sete técnicos de enfermagem a mais do que o necessário e 167 enfermeiros
para contratar. Considerando as portarias e resoluções específicas há
necessidade de contratar oito técnicos de enfermagem e 135 enfermeiros.
Quanto aos leitos gerais, não
houve alteração nos quantitativos visto que não há critérios específicos, por
este motivo neste relatório foi recomendada a elaboração de um critério
próprio da Secretaria de Estado da Saúde.
Fonte: TCE
2.3.4
Análise
dos Comentários do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt
Retira-se
dos comentários enviados pelo Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, que há
consonância entre as recomendações deste Tribunal e os propósitos da direção
do hospital, que mostrou concordância com todos os achados.
Algumas
das recomendações já estão sendo atendidas, a exemplo da contratação de
profissionais, como médicos cirurgiões e com especialidade em radiologia e
diagnóstico por imagem, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Além disso, já
está sendo providenciado o projeto para otimização do uso das salas cirúrgicas
fechadas e a realocação dos equipamentos ociosos no centro cirúrgico.
3. CONCLUSÃO
É o Relatório.
AUDITOR FISCAL
DE CONTROLE EXTERNO |
AUDITOR FISCAL
DE CONTROLE EXTERNO |
|
De Acordo
CHEFE DA
DIVISÃO |
COORDENADOR |
|
Encaminhem-se
os Autos à elevada consideração do Exmo. Sr. Relator, ouvindo
preliminarmente o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.
DIRETOR |
[1] Informações
retiradas do documento “Fluxo de Referência dos Serviços de Alta Complexidade Hospitalar”
da Secretaria do Estado da Saúde, aprovado na CIB em 30/07/2004 e site do
governo do Estado de Santa Catarina, segundo informação do “Jusbrasil em
28/08/2010”.
[2] A Política Nacional
de Humanização (PNH) da Atenção e Gestão do SUS (Humaniza-SUS) foi instituída
pelo Ministério da Saúde em 2003 e tem o objetivo de efetivar os princípios do
Sistema Único de Saúde no cotidiano das práticas de atenção e de gestão, assim
como estimular trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários para
a produção de saúde.
[3] Informações contidas no Ofício nº. 111/2010
do HRHDS.
[4] Dados extraídos do endereço
http://www.jusbrasil.com.br/politica/2061068/hospital-regional-em-joinville-vai-ganhar-nova-ala-psiquiatrica-totalmente-reformada-esta-semana,
acesso em 26/07/2010.
[5]SWOT - técnica de auditoria utilizada para enquadrar aspectos positivos, negativos, oportunidades e ameaças relacionadas a determinado programa de governo ou órgão/entidade (do inglês Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats).